Novidades da AAIC 2013: Novos fatores de risco para a Doença de Alzheimer

Por Maramélia Miranda

A seguir, algumas das principais apresentações e discussões da AAIC 2013 (Alzheimer’s Association International Conference), ocorrida em Boston no mês de Julho passado.

aaic-2013

Fatores de Risco

Um estudo grande, observacional, em uma população de veteranos, demonstrou que os pacientes com histórico de câncer e tratamentos com quimioterapia tiveram menor incidência de Doença de Alzheimer (DA) do que os casos sem estes antecedentes. Foram analisados dados clínicos de 3.499.378 idosos veteranos maiores de 65 anos que passaram pelo sistema de saúde dos Veteranos, de 1996 a 2011, e que estavam sem demência. Após uma média de seguimento de 5.65 anos, 82.028 pacientes tiveram o diagnóstico de DA, e destes, 24% com histórico de câncer, versus 76% sem este antecedente.

Quimioterapia: será esta a relação?
Quimioterapia: será esta a relação?

Um estudo apresentado pelo Centro de Pesquisas da Kaiser Permanente demonstrou que, em uma coorte de diabéticos tipo II, os que receberam metformina tiveram menor frequência de DA, quando comparados com outros portadores usando terapias não-metformina.

Um grupo francês apresentou dados bastante interessantes de que pessoas que se aposentaram mais tardiamente durante a sua vida tiveram menor incidência de DA. 

Trabalhar até quando der: receita de vitalidade e lucidez.
Trabalhar até quando der: receita de vitalidade e lucidez.

Finalmente, um grupo de pesquisadores da UCSF apresentou dados confirmando a hipótese de que fatores sócio-econômicos, e não apenas raciais-étnicos, podem explicar a maior incidência de DA em populações afro-americanas, quando comparadas com brancos. Tal conclusão supõe que talvez fatores realcionados ao ótimo controle de variáveis cardiovasculares, possam estar envolvidos.

Publicação do estudo de fase III com Semagacestat na NEJM

É a típica notícia velha publicada oficialmente. Em 25 de julho último, finalmente foi publicado na NEJM o estudo de fase 3 com o uso do inibidor da gama-secretase Semagacestat, comparando doses diferentes da droga vs placebo, em 3 grupos de pacientes com DA provável. Como sabemos há 3 anos quase, o estudo foi interrompido pelo comitê de segurança do trial. Detalhe: resultados espetacularmente piores do ADAS-cog nos três braços de tratamento, e pior ainda em quem usou a droga… Piora da escala de AVDs, significativamente pior entre os pacientes usando o medicamento (?!) – vai entender…! Além de sérios efeitos colaterais, como alterações hematológicas, câncer de pele e infecções dentro do bolo de eventos adversos sérios.

Novas terapias

Aqui, o negócio complica. Merece um post só com este tema. Prometo ainda para esta semana… Talvez pedirei ajuda dos universitários para me auxiliar…

Concluindo…

Resumo da ópera: trabalhe, pense, use seus neurônios, tenha um câncerzinho durante alguma fase de sua vida (não vale de próstata – este não mostrou benefício protetor)… E saia vivo dele, se possível tomando uma quimio básica, e tenha dinheiro para cuidar dos seus fatores de risco todos, fazer academia, malhar, viajar, socializar, e tomar direitinho seus remédios. Se tiver diabetes, peça a seu médico uma metformina. E trabalhe. Até quando der…


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