Donanemab em DCL e Alzheimer inicial: Resultados publicados na AAIC 2023

Por Maramélia Miranda **. 

Tags: anticorpo anti-amilóide; anticorpo monoclonal; alzheimer; tratamento; donanemab; lecanemab; aducanumab; amilóide cerebral; PET amilóide, estudo TRAILBLAZER AD2, CLARITY AD.

 

Primeiro, veio o aducanumab. Resultados controversos, aprovação às pressas pelo FDA em 2021, com a polêmica de pedido de demissão coletiva de comitê diretivo dos órgãos reguladores americanos, depois da aprovação a toque de caixa da droga, por causa dos resultados conflitantes de estudos fase 2 e 3.

Segundo, o lecanemabe, resultados do estudo CLARITY AD apresentados e publicados em 2022, testado em declínio cognitivo leve (DCL) e demência por Doença de Alzheimer (DA) leve, mostrando lentificação do declínio cognitivo e funcional em cerca de 27% – medidos pela escala CDR (soma de caixas, CDR-SB), além de redução de beta-amiloide no PET e outras melhorias e escalas diferentes. Correria e zumzumzum, resultados modestos também comentados, a questão da segurança, com os eventos de ARIA e desfechos fatais em alguns casos tratados, mas o FDA aprova a droga em janeiro de 2023.

Agora, estudo apresentado com grande expectativa na conferência AAIC 2023 em Amsterdan, esta semana, com publicação concomitante na JAMA, temos o terceiro: Donanemab, outro anticorpo monoclonal antiamilóide, testado no trial fase 3 TRAILBLAZER AD 2, em um total de 1736 pacientes com DCL ou DA inicial, que tinham que ter deposição de tau e beta-amilóide nos PETs basais. O desfecho primário foi uma escala diferente do CLARITY AD, a integrated AD Rating Scale (iADRS), escala cognitiva e funcional com 144 pontos, onde menores escores indicam maior comprometimento. De forma diferente, no TRAILBLAZER, os pesquisadores fizeram PET amilóide e PET tau, e dividiram os sujeitos estudados em população geral e população com depósitos no PET tau classificados como baixo/médio, e fizeram as análises do impacto do tratamento nestes dois grupos. Outra coisa diferente do estudo foi que, atingindo-se uma redução de beta-amilóide pré-planejada pelo PET amilóide, os participantes do grupo ativo de tratamento pararam de receber as infusões EV mensais da droga do estudo, e recebiam placebo. Isso ocorreu em 54% dos pacientes tratados com o anticorpo.

Após 76 semanas, a queda na pontuação da iADRS foi uma média de 3.25 ([95% CI, 1.88-4.62]; P < .001) pontos menor no grupo de tratamento, nos pacientes com depósito de tau baixo e médio, e de média de 2.92 na população geral ([95% CI, 1.51-4.33]; P < .001), significando uma lentificação da progressão da doença de 35% e 22%, respectivamente.

Na escala CDR-SB, após o período de follow-up, a progressão/pontuação foi menor em 0.67 pontos ([95% CI, −0.95 to −0.40]; P < .001) no grupo com depósito de tau baixo e médio, e de 0.7 menor [95% CI, −0.95 to −0.45]; P < .001) no grupo total. Houve 3 mortes no grupo ativo, e uma no grupo placebo, e 24% dos pacientes tratados com o donanemab tiveram alterações de imagem como edema e efusões, sendo 1/4 destes com sintomas. 

Em resumo, o uso de donanemab EV em infusões mensais por um período limitado, até o clareamento dos depósitos no PET amiloide, após 76 semanas de seguimento, mostrou um impacto na progressão da doença DCL e DA inicial, de forma significativa e mais proeminente naqueles com PET tau com menor deposição, e quase sem diferenças nos portadores de PET tau com alta deposição (resultados de análise post-hoc).

Este estudo abre um horizonte para: 1) Tentar implementar esta classe de drogas na prática clínica, considerando o alto custo do medicamento, mas com uma previsibilidade de período mais curto, limite de tempo; 2) Fortalece a teoria tauísta, a partir do momento em que demonstra maior benefício da droga aos portadores de menor depósito de tau cerebral; 3) Complica um pouco mais a seleção e critérios para indicar a droga aos pacientes, uma vez que seleciona os pacientes com dois tipos de PET – amiloide e tau.

Enfim.

Esperança. Para os pacientes e suas famílias.

E bronca. Para familiares, governos, gestores de saúde, fontes pagadoras e seguradoras de saúde. Custo será alto, e a logística de indicar, selecionar, seguir a médio e longo prazo, será custosa também.

Vamos ver no que vai dar.

 

LINKS

1. Budd Haeberlein et al. Two randomized phase 3 studies of aducanumab in early Alzheimer’s disease. J Prev Alzheimers Dis. 2022

2. Rabinovici  GD. Controversy and progress in Alzheimer’s disease: FDA approval of aducanumab. N Engl J Med. 2021

3. van Dyck et al. Lecanemab in early Alzheimer’s disease. N Engl J Med. 2023

4. Sims et al. Donanemab in early symptomatic Alzheimer disease: the TRAILBLAZER-ALZ 2 randomized clinical trial. JAMA 2023. 

Lecanemab em Doença de Alzheimer: Veja bem…!!!

Vamos ser críticos.

Foi publicado o paper do estudo Clarity AD trial, estudo da droga Lecanemab, um anticorpo monoclonal desenvolvido pela empresa japonesa Eisai Co. conjuntamente com a BioArtic (sueca), utilizada no ensaio clínico financiado pela poderosa Biogen. Foi apresentado no congresso de Clinical Trials on AD Meeting, que acontece em San Francisco, com publicação simultânea na NEJM.

Sim.

Estamos falando de dinheiro. Muito dinheiro.

Um mercado gigante, numa doença altamente prevalente, e piorando – por causa do envelhecimento da população, onde até hoje, não existia terapia realmente efetiva para barrar a evolução da doença.

E estamos falando de esperança.

Muitas famílias desesperadas, querendo alguma terapia que funcione de verdade.

Estamos falando em uma linha de moléculas altamente efetivas para diversas doenças, com alto custo, mas promissoras. Na DA, conseguem reduzir a carga de amilóide cerebral, mas até então, não conseguiam transformar essa retirada do amilóide em resultado clínico.]

Estamos falando em resultados de desfecho clínico positivos, com p< 0.001 para as escalas clínicas e funcionais utilizadas no trial. Mas aí é que está o ponto!

p< 0.001 em que?

Numa escala clínica, a CDR-SB (a mesma conhecida CDR, com pontuação da soma de caixas), onde a pontuação em um ano e meio de tratamento aumentou em 1.21 no grupo lecanemabe, e 1.66 no grupo placebo… Diferença de 0.45…??? Diferença de 0.45 numa escala… De até 18 pontos?!?

Vale uma droga que te dá 0,5 de CDR de vantagem, em um ano e meio de tratamento?

Vamos ver… Vamos ler… Vamos pensar.

Claro que se trata de estudo importante, landmark, mas tomemos cuidado com a panaceia que irá acontecer, achando-se que é um milagre dos deuses.

Importante: Observar as reações adversas, descritas pelos autores como leves, maioria assintomáticas, que inclusive não levaram à descontinuação da droga e remitiram em cerca de 4 meses. Mas tem uma parte assintomática, associada a carreadores de APOE, sobretudo homozigotos.

Na boa: 17% de ARIA-H (hemorragias cerebrais) e 13% de ARIA-E (edema focal cerebral)… Preocupante.

Vale quanto custa? E o quanto devolve (de bom, e de ruim) ??????

A conferir.

 

LINK

van Dick et al. Lecanemab in Early Alzheimer’s Disease. NEJM 29 nov 2022.

Eisai presents full results of lecanemab clinical trial. In: //investors.biogen.com/news-releases/news-release-details/eisai-presents-full-results-lecanemab-phase-3-confirmatory

Tenecteplase x alteplase: The battle begins!!!!

Publicado o estudo EXTENDED-IA TNK, na NEJM, que avaliou a não-inferioridade da tenecteplase (dose 0,25mg/kg, máxima dose 25mg) em relação à terapia trombolítica de primeira linha – a única até então, a alteplase (rTPA), na sua dose habitual e na janela de tempo normal (até 4,5h).

Estudo positivo para não-inferioridade e superioridade (p=0,002 e 0,03, respectivamente), com segurança (desfechos de sangramento) similares.

Agora a questão é a seguinte: Sendo a TNK melhor, sabemos que é mais cara…

Em breve, analisaremos aqui a custo-efetividade, a diferença de custo entre as duas drogas.

Hoje na nossa reunião semanal surgiu a dúvida: será que 25mg de TNK é muito mais caro que 2 frascos de rTPA (dose usualmente aberta para fazer a trombólise nos moldes que fazemos atualmente)?

Mais uma droga para evitar Resultado de imagem para emoji mão apontando…?

LINKS

Campbell et al. Tenecteplase versus Alteplase before Thrombectomy for Ischemic Stroke. NEJM 2018. 

Screening de FA não-tratada na Suécia: STROKESTOP Study

Por Maramelia Miranda

Muito legal…

Publicação da Circulation deste mês. Amo essa revista. Ela é primariamente de Cardio, mas tem umas coisas legais em Epidemio, Imagem, prevenção e fatores de risco cardiovasculares.

E, bem sabemos, a cardio sempre nos deixa comendo poeira… Assim sendo, e assumindo humildemente minha “comida de poeira”, tenho que continuar a comer a poeira deles, sair correndo atrás…

Estudo

Os suecos pegaram uma população sem qualquer histórico de FA, idosinhos bonitinhos suecos de 75 e 76 anos, e fizeram traçados intermitentes de ECG, durante 2 semanas. Usaram aparelho portátil de ECG e fizeram exames diários por 2 semanas. Convidando 13331 idosos para aderirem ao estudo, mais da metade topou.

Resultados

Dos mais de 7000 indivíduos estudados, n=218, 3.0% (95 % confidence interval (CI) 2.7-3.5%) — tinham FA e não sabiam, e 9.3%, (CI 8.6-10.0%, n=666) tinham FA, sabiam que tinham, mas 149 pacientes (2%) não usavam ACO. Dos que não sabiam, 0,5% teve a detecção da arritmia no primeiro ECG.

Fazer ECG seriados, intermitentes, aumentou em 4x a chance de pegar FA.

A prevalência total de FA foi de 12.3% na população estudada.

Mais de 90% dos casos com FA que não sabiam do diagnóstico aceitaram receber terapia preventiva com ACO. O estudo continua, pois os pesquisadores agora vão contar os eventos e se este screening reduzirá realmente as taxas de AVC.

Conclusões do STROKESTOP

Mass-screening for AF in a 75/76-year-old population identifies a significant proportion of participants with untreated AF. Initiation of stroke prophylactic treatment was highly successful in individuals with newly diagnosed AF.”

Ou seja…

Fazer ECG seriados em idosos pode detectar FA… Dependendo da FA e comorbidades, há indicação de ACO. Lembrando que o impacto do uso de ACO em prevenção de AVCi é na redução de ~70% os eventos…

Terapia muito poderosa. Mesmo se pensando na velha warfarina, cuja efetividade é de ~68%.

Segunda coisa: Será que procurar FA assintomática em pacientes com maior risco funciona nos desfechos?

Fazer screening de FA em população idosa assintomática é efetivo para alguma coisa????

Não sei. Só sei de uma coisa. FA pode fechar uma cerebral média.

TC-IH2

E uma cerebral média fechada, meu amigo, é jogo duro (sendo bem boazinha nas palavras)… Que tal prevenir isso aí em cima???? Eu topo!!!!!

LINKS

Svennberg et al. Mass Screening for Untreated Atrial Fibrillation: The STROKESTOP Study. Circulation 2015.

Aronsson et al. Cost-effectiveness of mass screening for untreated atrial fibrillation using intermittent ECG recording. Europace 2015.

Friberg et al. Population screening of 75- and 76-year-old men and women for silent atrial fibrillation (STROKESTOP). Europace 2015.

ESO Conference 2015: REVASCAT, THERAPY, THRACE, AVERT, VAST e DIAS-4!!!

Por Sheila Martins e Maramelia Miranda

Direto de Glasgow, na European Stroke Organisation Conference 2015, vários importantes estudos clínicos foram apresentados esta semana – com publicações simultâneas em importantes revistas médicas. Mais tarde completamos os dados apresentados…

REVASCAT – Estudo espanhol que testou rTPA + trombectomia com Solitaire x rTPA sozinho, apenas em AVCi agudo com oclusão arterial da circulação anterior. Estudo interrompido pela perda do equipoise, depois dos trials de trombectomia, apresentados em Fev 2015. Foi positivo, com maior taxa de independência funcional  — mRS de 0 a 2 em 90 dias de 43.7% vs 28.2%, favoravelmente ao grupo de trombectomia…

THRACE – Seus resultados preliminares foram apresentados. Estudo de trombectomia francês, randomizou pacientes com oclusão arterial para rTPA vs rTPA/trombectomia, até 5h dos sintomas, tendo a revascularização sido feita até o máximo de 6 horas. Foi positivo – diferença de bom desfecho na mRS de 12.1% (P = .016) a favor do grupo submetido à trombectomia.

THERAPY – Estudo de trombectomia usando o sistema Penumbra, foi planejado para mais de 600 pacientes, mas teve de ser parado com 108 casos randomizados, e houve melhores desfechos no grupo com trombectomia, embora sem diferenças estatisticamente significantes (por causa do término do estudo antes da amostra planejada, segundo seu PI…) :/

AVERT – Estudo que testou a mobilização precoce + maior intensidade de fisioterapia no AVC (isquêmico ou hemorrágico) versus terapia convencional. Foi negativo, ou seja, tanto fez fazer mobilização e intensidade de fisio precocemente como pelos guidelines. Tem uns detalhezinhos metodológicos (horas do início da fisio / mobilização, intensodade etc). Ainda não li o trial inteiro. Está na revista Lancet.

VAST – Estudo holandês que analisou stent da artéria vertebral, quando havia estenose > 50% na porção intra ou extracraniana e AVCi associado. Foi interrompido no meio do recrutamento, tendo sido randomizados 115 pacientes. Foi negativo, sem diferenças entre os grupos e com maiores complicações… Adivinhem?! No grupo tratado com stents…!!!!!!

DIAS-4 –

 

LINKS

A maioria dos artigos com acesso FREEEEEE!!!! Corram antes que as revistas resolvam bloquear para assinantes apenas.

Jovin et al. (REVASCAT) Thrombectomy within 8 Hours after Symptom Onset in Ischemic Stroke. NEJM 2015.

The AVERT Trial Collaboration Group. Efficacy and safety of very early mobilisation within 24 h of stroke onset (AVERT): a randomised controlled trial. Lancet 2015.

Saver et al. (SWIFT-PRIME) Stent-Retriever Thrombectomy after Intravenous t-PA vs t-PA Alone in Stroke. NEJM 2015.

Compter et al. (VAST) Stenting versus medical treatment in patients with symptomatic vertebral artery stenosis: a randomised open-label phase 2 trial. Lancet 2015. Este paper está fechado. Só para assinantes.

Níveis muito altos e muito baixos de Vitamina D aumentam mortalidade cardiovascular: Curva J novamente!

Por Maramelia Miranda

Dinamarqueses publicaram no mês passado, online first, no Journal of Clinical Endocrinology and Metabology. Um estudo grande. Mais de 247 mil indivíduos analisados, de centros ambulatoriais da Dinamarca. 100% de follow-up (sistema de saúde local muito organizado, favorecendo o estudo).

Mesma história do álcool.

Só que com o “J” reverso (ou seja, inversamente proporcional ao nível de D).

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Recado: Nem tanto, muito menos tão pouco.

LINK

Durup et al. A reverse J-shaped association between serum 25-hydroxyvitamin D and cardiovascular disease mortality – the CopD-study. J Clin Endocrinol Metab 2015. Artigo na íntegra AQUI.

Durup et al. A Reverse J-Shaped Association of All-Cause Mortality with Serum 25-Hydroxyvitamin D in General Practice: The CopD Study. J Clin Endocrin 2012. Primeira publicação do estudo – de 2012.

Dissecando o CADISS: Entenda tudo!!!

Por Jorge Murilo Souza **  e Maramélia Miranda

Gostaram do trocadilho…?  🙂

Estudo

Os autores compararam prospectivamente, se havia diferenças entre dar antiplaquetários ou anticoagulantes na fase aguda de eventos de dissecção arterial cervical extracraniana.

Estudo aberto, prospectivo e controlado – realizados em centros em ingleses (maioria) e na Austrália.

Critérios de inclusão: Sintomas ocorridos nos últimos 7 dias, com diagnóstico de dissecção extracraniana por RM, AngioRM, AngioTC e ou angiografia cerebral.

Critérios de exclusão: dissecções intracranianas, contraindicação para antitrombóticos, gestação.

A decisão do esquema do antiplaquetário ou anticoagulante foi feita pelo médico assistente, após a randomização. A equipe tinha liberdade para decidir sobre dar um antiagregante, dois, combinação (ex.: Aggrenox), usar heparina SC e depois warfarina ou usar direto a warfarina, sem terapia de ponte prévia.

Antiplaquetários utilizados – AAS, aggrenox (AAS/dipiridamol), dupla terapia (AAS + clopidogrel), clopidogrel.

Anticoagulante – heparina + warfarina, ou warfarina apenas.

Desfecho principal medido – em 3 meses – AVC ipsilateral ou morte de qualquer causa.

Resultados

n=250 pacientes incluídos

Braço antiplaquetário – n=126

Braço ACO – n=124

Grupo tratado com antiplaquetários – 24 pacientes foram excluídos po causa da não confirmação da dissecção nos exames de neuroimagem — sobraram 101 casos.

ACO – 28 pacientes excluídos (mesmo motivo) – sobraram 96 casos.

Obs.: Isso ocorreu porque era permitido randomizar apenas com um exame de ultrassom sugerindo dissecção.

Média idade: 49 anos

Características dos sintomas das dissecções: AVCi = 195 casos / Horner = 4 / Cefaleia isolada = 22 / AIT = 29 casos.

Tratamento realizado (aqui, uma das coisinhas discutíveis do estudo)::: AAS – n=22 / Clop – n=42 / AAS + clop – n=35 / Agrenox – n=20 / Dipiridamol – n=1

Desfechos encontrados: poucos… Muito poucos…

Braço antiplaquetário – 3 AVC ipsilateral ou morte

Braço ACO – 1 AVC ipsilateral ou morte

Ou seja…

Tratamentos com resultados iguais, desfechos em pequeníssima quantidade em 3 meses de follow-up, única evidência de um estudo controlado que temos no tema, num estudo que permitiu o uso ou de monoterapia ou de dupla terapia antiplaquetária, com problemas de randomização e confirmação diagnóstica.

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E agora?

LINKS

The CADISS Investigators. Antiplatelet treatment compared with anticoagulation treatment for cervical artery dissection (CADISS): a randomised trial. Lancet Neurology 2015.

Scott Kasner.  CADISS: a feasibility trial that answered its question. Lancet Neurology 2015.

 

** Jorge Murilo Souza é neurologista, atual R4-Fellow da Neurologia Vascular e NeuroUTI da UNIFESP. Apresentou esta aula incrível pra nós na semana passada, dissecando literalmente o CADDISS. Wilkommen, Jorge!!!!!!

Antiagregar ou anticoagular em dissecções arteriais cervicais??? CADISS publicado!

Por Maramelia Miranda

Wow…! Não me diga…

Então, quer dizer que dar antiagregantes ou anticoagulantes a pacientes com dissecção arterial cervical (apenas dissecção extracraniana, quer seja da artéria vertebral ou carotídea)… Não faz diferença?!

Vejam o número: OR 0·346, 95% CI 0,006–4,390; p=0·66.

Tem uns detalhezinhos metodológicos do estudo muito bem observados pela Dra. Gisele Sampaio e outros neurovasculares, durante uma sessão científica realizada por teleconferência ontem: tipo de antiagregação usada no estudo (dupla terapia antiplaquetária era possível) e problemas na confirmação do diagnóstico durante o trial.

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Roda da ciência: E aí?! Vamos então abandonar a anticoagulação em dissecções de carótidas e vertebrais? Para responder, leiam o artiguinho publicado, segundo lugar dos mais lidos na Lancet Neurology…

 

LINK

The CADISS Investigators. Antiplatelet treatment compared with anticoagulation treatment for cervical artery dissection (CADISS): a randomised trial. Lancet Neurology 2015.

Repercussão: Trombectomia em 2015

 

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” Talvez o avanço maior no tratamento do AVC neste século…” (José Guilherme Caldas, diretor da Neurorradiologia Intervencionista do InRad-HC-FMUSP, comentando sobre os trials positivos em trombectomia publicados ontem)

 

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“Em um dia, tivemos mais trials positivos em AVCi agudo do que nos últimos 20 anos.” (Werner Hacke, neurovascular alemão, comentando sobre a série de estudos positivos – ESCAPE, MR CLEAN, EXTEND IA e SWIFT-Prime, apresentados na ISC 2015, em Nashville)

 

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“EXTEND-IA, ESCAPE e SWIFT PRIME positivos!!! NNT de 3-7!!!! Agora temos 4 trials positivos para trombectomia!!! ” (Octávio Marques Pontes-Neto, neurovascular da FMUSP-Ribeirão Preto, idem)

 

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“Acho que o emocionante foi ontem (i.e., 11 fev 2015). Agora só virão pequenas notícias.” (Gabriel de Freitas, neurovascular do Rio de Janeiro, comentando hoje – 12 fev, e referindo-se aos Highlights que ainda podem vir e às apresentações do dia 11 fev 2015, do congresso americano de AVC 2015).

 

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“Incrível! Vocês precisavam ter visto! Três trials positivos apresentados em seguida e todos aplaudindo!!!”(Flávio Carvalho, neurovascular da UNIFESP e Hospital Albert Einstein, em mensagem enviada logo após a apresentação dos estudos em Nashville, na ISC 2015)

 

mara

“Será antes e depois de 11 de fevereiro de 2015.” (eu, Maramelia Miranda, neurovascular da UNIFESP, conversando online com José Guilherme Caldas, neurorradiologista do InRAD-FMUSP, sobre o impacto que estes estudos terão na prática neurovascular a partir de agora)