Déficit de Atenção e Hiperatividade

Por Maramelia Miranda

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (sigla – TDAH) é uma doença pode acontecer nas crianças, adolescentes e adultos, que geralmente começa a dar sintomas nas crianças, costuma melhorar quando o indivíduo fica adulto, ou pode se perpetuar em graus variados, comprometendo o desempenho profissional, familiar e afetivo dessas pessoas durante toda sua vida.

Sintomas. Basicamente são dois espectros de sintomas principais da doença, que merecem um detalhamento e explicações separadas: o déficit de atenção-distração-desatenção, e a hiperatividade-impulsividade.

Déficit de atenção. A manifestação inicial deste sintoma costuma aparecer na idade escolar, costumeiramente nos primeiros anos da vida escolar da criança. O indivíduo com TDAH típico é aquele que erra bastante, perde objetos, “enrola” para fazer os exercícios, não gosta de sentar e fazer uma tarefa que exija bastante foco e atenção, não porque não sabe o assunto ou tem inteligência inferior, mas porque é tipicamente impaciente… A criança costuma ter dificuldade de aprendizado e tira frequentemente notas mais baixas. Graus mais leves de TDAH podem ir “passando” de ano com bastante esforço, muitas vezes precisando de aulas de reforço escolar, antes mesmo do distúrbio ser prontamente reconhecido. É importante saber se, na escola, a professora reclama de indisciplina, se a criança é desorganizada, apresenta lições mal feitas, se tem os cadernos soltos, bagunçados e o material em desordem.

Hiperatividade-Impulsividade. Na criança menor, o importante é saber diferenciar entre a agitação e inquietação típica da fase da infância e o que é considerado anormal. Ou seja, nem toda criança “agitada e inquieta” é portadora de TDAH… Mas a maioria das crianças com TDAH terão, certamente, estes sintomas: uma criança que não consegue permanecer sentada na cadeira da sala de aula ou em alguma atividade que exija o comportamento quieto (uma apresentação, um teatro ou cinema, uma conversa simples de família, ou ficar quieta ouvindo um assunto no consultório de um médico). Ou uma pessoa que constantemente mexe as mãos, os pés, e se levanta da cadeira com frequência. Na criança menor, a hiperatividade se manifesta principalmente com sintomas ligados aos movimentos. É agitada, não pára quieta, sobe nos móveis, pega objetos, sofre acidentes domésticos / quedas, cortes e fraturas ósseas com maior frequência. Nos jovens e adultos, o mais comum é a impulsividade se caracterizar pelo agir sem pensar, em atitudes como se intrometer nas conversas, interromper a atividade de alguém ou a conversa de um grupo, ou simplesmente a impaciência. Outras vezes, a impulsividade-hiperatividade pode se apresentar simplesmente como uma sensação estranha e de difícil definição, como, por exemplo, uma inquietação interior.

A seguir, os critérios do DSM-IV, atualmente os utilizados para fazer o diagnóstico de TDAH.

CRITÉRIOS DSM-IV – TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE – TDAH –  (texto revisado)

Características principais: 

A. Padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, que é mais frequente demonstrado e mais severo do que o tipicamente observado em indivíduos com nível de desenvolvimento comparáveis.

B. Alguns sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade devem estar presentes antes dos sete anos de idade.

C. Alguns dos impactos dos sintomas devem estar presentes em pelo menos 2 ambientes do indivíduo (casa e escola, por exemplo).

D. Deve haver clara evidência de interferência com o desenvolvimento social acadêmico e ocupacional do indivíduo.

E. O distúrbio não ocorre exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do desenvolvimento, esquizofrenia ou outras doenças psicóticas, ou não pode ser melhor explicados por outras doenças psiquiátricas.

Critérios diagnósticos de acordo com o DSM-IV:

A. Ou (1) or (2):

(1) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção, persistindo por pelo menos 6 meses em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:

Desatenção
(a) frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes, ou comete erros por descuido em atividades escolares / do trabalho e outras
(b) frequentemente tem dificuldade em manter atenção em tarefas e atividades lúdicas
(c) com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra
(d) com frequência não segue as instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não por comportamento de oposição, nem por não conhecer ou não compreender a tarefa).
(e) com frequência tem dificuldade em organizar tarefas e atividades
(f) com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como deveres de casa e da escola)
(g) com frequência perde coisas e objetos necessários para suas tarefas e atividades (por.ex, brinquedos, lápis, tarefas, livros, deveres de casa)
(h) é facilmente distraído por estímulos externos alheios às tarefas
(i) com freqüência apresenta esquecimento de suas atividades diárias

(2) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade-impulsividade, persistindo por pelo menos 6 meses em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:

Hiperatividade
(a) freqüentemente agita as mãos e os pés ou se remexe na cadeira
(b) freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações onde espera-se permanecer sentado.
(c) frequentemente corre ou escala em demasia em situações inapropriadas (em adolescents e adultos, este sintoma limita-se às vezes à sensação de inquietação)
(d) frequentemente tem dificuldade em brincar ou se envolver em atividades de lazer silenciosamente
(e) freqüentemente está “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a ponto de bala”
(f) frequentemente fala em demasia

Impulsividade
(g) frequentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido completadas
(h) com freqüência tem dificuldade para aguardar sua vez

(i) frequentemente interrompe ou se mete no assunto dos outros (por ex, intromete-se em conversas ou brincadeiras)

Tratamento. Uma vez definido que a pessoa – criança, adolescente ou adulto, tem o TDAH, é preciso examinar e detectar se não existem outras doenças associadas. Nos adultos, as mais frequentes são ansiedade e depressão, e um tratamento direcionado a estes problemas costuma ser necessário.

Nos adolescentes, podem ser encontrados sintomas de baixa estima com muita frequência (justamente pela história arrastada de insucessos, notas baixas, etc…). Atenção deve ser dada ao risco maior de uso de drogas ilícitas, delinquência e transtornos de ansiedade e depressão. Na infância, o tratamento é mais complexo e envolve frequentemente uma equipe multidisciplinar com medidas pedagógicas e comportamentais. O ideal é acompanhar a evolução de cada caso. É comum os sintomas diminuírem com a idade adulta, em metade dos portadores de TDAH, desaparecem espontaneamente.

Nos jovens e adultos, é comum uma história de vida marcada por insucessos acumulados ao longo dos anos, mau desempenho escolar, repetência, suspensões, etc. Depois, surgem os problemas no trabalho e na organização das atividades de vida diária. A longo prazo, isso gera um sentimento de fracasso muito grande, faz cair a autoestima e pode trazer dificuldades para lidar com situações emocionais. Portanto, no grupo de jovens (adolescentes e adultos), é fundamental criar estratégias para compensar a desorganização natural e a falta de atenção dessas pessoas. Quanto mais rotineiras e sistemáticas forem, melhor será seu desempenho nas diferentes áreas.

De modo geral, os adultos com déficit de atenção e hiperatividade já desenvolveram algumas técnicas para lidar com as próprias dificuldades. Como sabem que são distraídos, anotam com cuidado os compromissos na agenda, criam hábitos como deixar os objetos sempre no mesmo lugar e estabelecem determinadas rotinas na vida. Em relação às crianças, desenvolver essas atitudes comportamentais irá ajudá-las a organizar-se melhor. Outra dica importante é reconhecer os danos à autoestima que a doença provocou e procurar uma abordagem psicológica.

Medicamentos. O medicamento mais usado para tratar TDAH é o metilfenidato. Trata-se de uma substância psicoestimulante do sistema nervoso central. É até paradoxal pensar que, para tratar uma pessoa agitada e psiquicamente muito ativa, tenha que se dar um estimulante do cérebro. O mecanismo de ação não está muito bem esclarecido, mas acredita-se que, dando um psicoestimulante, este, em níveis maiores no organismo, promovem o aumento de substâncias inibitórias no cérebro (para contra-balancear as substâncias estimulantes), levando à redução dos sintomas relacionados ao TDAH. O metilfenidato pode ser usado sem medo em crianças a partir dos 6 anos de idade, jovens e adultos, e costuma ser bastante efetivo no alívio dos sintomas. Há algumas restrições e cautelas para seu uso: 

  • em mulheres grávidas ou amamentando
  • se a criança ou adulto tem glaucoma
  • em casos de depressão grave
  • casos de crianças e adultos com tics, ou Tourette
  • Casos de pacientes com epilepsia 

É importante aqui relatar que os pacientes com TDAH melhoram bastante com o uso do remédio, e os pais, sobretudo os pais e familiares, não devem ter preconceito em iniciar ou aceitar a necessidade do uso da medicação para seus filhos e parentes. Os efeitos colaterais do metilfenidato (redução do sono, do apetite, alterações do humor, dores de estômago, são compensados pela extrema melhora nos sintomas de atenção, melhora do desempenho escolar e melhora do convívio social e profissional dos indivíduos afetados.

16 thoughts on “Déficit de Atenção e Hiperatividade”

  1. Meu sobrinho tem 6 anos, como minha irmã mora perto, ele fica na casa dela enquanto estou trabalhando. Ela tem uma filha de 10.
    Ele sempre foi muito inquieto desde pequeno, não fica sentado ou quieto um minuto em nenhum lugar. As professoras sempre reclamam do comportamento dele em sala de aula, dizem q ele bate nas outras crianças, não presta atenção nas atividades e interrompe elas durante a aula.
    Ele fica na escola em período integral, pois meu esposo também trabalha e só vai para casa da minha irmã a noite ou quando não tem aula.
    Minha irmã diz a mesma coisa, que ele não fica quieto, mexe e quebra as coisas, bate na filha dela e até no cachorro. Agora durante as férias ele teve duas semanas sem aulas e ficou mais tempo lá, minha irmã disse que o marido dela não quer mais ele lá e percebi que minha irmã também já está no limite dela. Não sei mais o que fazer, as babás não ficam nem um mês e pedem demissão.

  2. Gostei muito dessas explicação,meu filho de 12 anos faz tratamento com alguns remédios por causa da defit de atenção e a hiperatividade, porém ele ainda não consegui lê o que ele mesmo escreve e está muito agressivo

  3. Meu filho com 23 anos agora falecido . Por ter carregado essa doença, sem ajuda de psicólogo sem neurologista todo comportamento lido aqui encaixava nele . Meu coração se encheu de dor eu era nova nao entendia o que ele passava . Mas agora e tarde . Nao pode ajudar.
    Fui uma mãe negligente imatura .
    Cuidem de seus filhos . Ajudem elea enquanto vocea tem tempo . Um forte abraço a #TODOS.

  4. Gostei muito das explicações meu neto tem uma agitação não fica queito em lugar sentado em lugar nenhum e quando tá com muitas pessoas e pior aí que ele correr fala alto ver televisão de pé olhando o tempo todo chama parece que nem tá nem aí em fim levei ao neuro pediatra ele tá sendo que o médico já passou nelapitil mas ele ainda tá agitado mas ainda não me deu o diagnóstico eu estou tratando dele não tem limite para comer se pode me aconselhar ele tá um pouco agressivo

  5. sou monitora de um aluno com 9 anos de idade , diagnosticado com TDAH , ele é muito carinhoso porém não pega na minha mão hora nehuma , ao sair da escola ele sai correndo e tenho muito medo dele se machucar , como faço para que ele pegue na minha mão e me obedeça sempre ?

  6. Meu filho foi diagnosticado com TDAH. Agora foi passado Ritalina LA 20 mg com 60 cp.
    Não encontro para comprar porque estão falando que esta em falta. Não sei o q fazer. As aulas voltaram ele tem 9 anos e esta tendo prejuizos por não tomar o medicamento.

  7. Realmente muito bom este post! Conteúdo Relevante!
    Gostei bastante do site, vou ver se acompanho toda semana suas postagens ou assim que me sobrar um tempo.
    Abraços 🙂

  8. Gostei muito do que li aqui no seu site.Estou estudando o assunto,Mas quero agradecer por que seu texto foi muito valido. Obrigada 🙂

  9. Meu filho tem 11 anos diagnosticado com defit de atenção. Distúrbio de ansiedade e hiperatividade. Ele está tomando Clô. Ele deu uma leve melhorada mais ainda continua dando trabalho na escola e em casa.na escola a professora diz que ele não quer fazer as atividades e mexe o tempo todo com os colegas e em casa é o tempo todo implicando com a irmã de 5 anos e sempre fala muitas bobagem. Tá o tempo todo fazendo coisas erradas como brincando na terra jogando pra cima pega pau e fica batendo um pau no outro.e o mais triste é que parece que nada pra ele serve. Compro carrinho pra ele mais só brinca batendo um no outro até quebrar. Já nem compro mais brinquedos. e o mais preocupante é que todo mundo implica com ele . o que eu faço. Passo muita raiva.

  10. Meu filho tem 11 anos, e foi diagnosticado com deficit de atenção. Distúrbio de ansiedade e hiperatividade. Ele está tomando Clô. Teve uma leve melhorada mais ainda continua dando trabalho na escola e em casa. na escola a professora diz que ele não quer fazer as atividades, e mexe o tempo todo com os colegas; e em casa é o tempo todo implicando com a irmã de 5 anos e sempre fala muitas bobagens. Está o tempo todo fazendo coisas erradas, como brincando na terra, jogando pra cima, pega pau, e fica batendo um pau no outro. E o mais triste é que parece que nada pra ele serve. Compro carrinho pra ele, mas só brinca batendo um no outro até quebrar. Já nem compro mais brinquedos. E o mais preocupante é que todo mundo implica com ele. O que eu faço? Passo muita raiva.

  11. Boa noite!Meu filho tem 9 anos.Foi diagnosticado com TDAH,porém o eletroencefalograma não deu nada.Mesmo assim a Neuropedriatra receitou Ritalina LA.Me recuso a dar tal medicamento.Por outro lado sei que tem problemas na escola.Ele apresenta uma inquietude com ele mesmo.Se mexe o tempo todo na carteira,”come” seus lápis,tem tick quando está muito ansioso.Mesmo assim tem boas notas.Viaja em brincadeiras com um simples lápis nas mãos.Por outro lado está a escutar tudo a seu redor.No cinema ou em casa vendo filmes,se porta melhor que muita criança.É uma criança extremamente carinhosa.Não sei o que fazer.Existe algum medicamento que não seja tarja preta?Existe algum trtamento alternativo?Terapia psicológica ele já faz.

  12. Meu neto 16 anos e tem hiperatividade começou o tratamento parou li tudo sobre himperatividade te modos os sintomas e agora está pior Qdo contrariado fica agressivo meu ajude onde procuro ajuda médica não posso pagar particular médico por favor obrigafa

  13. meu filho tem 17 anos. É diagósticado com transtorno global do desenvolvimento infantil,com retardo mental.hiperatividade.nesse caso tenho sofrido muito com o fato dele ser um jovem,sobre os hormônios.esse medicamento ele pode tomar posso pedir que o medico descreva ?hoje le tome neuleptil. amato.

  14. patricia, tem que ver com o neuropediatra, ou psiquiatra, que o acompanha. dependendo do graud e autismo dele, pode sim. tudo depende da avaliação clínica do caso.

  15. Meu filho tem defcit de atençao e autismo, foi diagnosticado por uma psicologa; ele poder tomar esta medicaçao? ele tem 10 anos.

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