Uso clínico de PET com Florbetapir para avaliação de declínio cognitivo

Por Maramélia Miranda

A agência de regulação americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou recentemente (Abril 2012) o agente Florbetapir F18 para o uso em estudos com PET (tomografia por emissão de positrons), na detecção da carga de beta-amilóide cerebral em pacientes com declínio cognitivo, auxiliando o diagnóstico clínico de demência por Doença de Alzheimer (DA).

O Florbetapir é um radiofármaco que tem a capacidade de se ligar aos agregados de amilóide no cérebro, e através das imagens geradas no PET scan, há uma quantificação da densidade de placas de B-amilóide. Trata-se, portanto, de uma nova modalidade de neuroimagem em Medicina Nuclear. Nos Estados Unidos, o radiofármaco começou a ser distribuído pela indústria farmacêutica em Julho de 2012. Começam a aparecer, agora, os primeiros centros que estão iniciando suas atividades com este novo método na prática clínica.

O achado de um PET negativo para Florbetapir indica a ausência ou pequenas quantidades de placas neuríticas de beta-amilóide, levando ao raciocínio de uma provável causa não-Alzheimer para o declínio cognitivo do paciente, naquele momento da aquisição das imagens. Já testes de PET positivos demonstram maiores cargas de placas de beta-amilóide, que podem ser observadas em idosos com cognição normal, em fases pré-clínicas de uma demência por DA, por exemplo, ou em outras condições neurológicas, incluindo a própria DA sintomática.

Estudos com PET-Florbetapir (Amyvid) em dois casos diferentes: o primeiro negativo para detecção de amilóide; o segundo positivo.

Lembrar: nenhum exame complementar é perfeito. Portanto, há certas limitações, como o diagnóstico diferencial com outras condições que podem ter o PET com Florbetapir-positivo, e a ausência de evidências sobre se o novo método pode ser um preditor de desenvolvimento de demência ou outras condições, ou ferramenta para monitorar resposta aos tratamentos.

Uma boa e crítica leitura sobre este tema é apresentada na edição mais recente da NEJM (abaixo).

LINKS

Yang et al. Perspectives: Brain Amyloid Imaging — FDA Approval of Florbetapir F18 Injection. NEJM, Sept 6 2012.

Clark et al. Use of florbetapir-PET for imaging beta-amyloid pathology. JAMA Jan 19 2011.

Foto: University of Tennessee, Knoxville, TN


2 thoughts on “Uso clínico de PET com Florbetapir para avaliação de declínio cognitivo”

  1. Para ser atendido na Unifesp, o paciente deve passar no hospital e procurar o ambulatório ou a neurologia e se informar. Sobre a dúvida do diagnóstico de DA, isso é fato mesmo na prática, e apenas depois de alguns meses e vendo a evolução eh possível dizer de provável / possível doença.
    Hoje, em SP e outras maiores cidades, existe um exame no líquor que pode ajudar a ter maior certeza disso, porém o entrave é que este exame é muito caro, e não existe na rede pública ou como cobertura de convênios. O nome do exame é pesquisa de biomarcadores para demencias no LCR (dosagens de tau, fosfo tau e beta amiloide). O custo gira em torno de 3-4000 reais! Muito caro para ser usado rotineiramente…

  2. percebo que ainda há muitas pesquisas para dar suporte aos profissionias de saude no diagnostico de DA.Percebi,no caso de minha mae,80 anos,que teve esse diagnostico por 4 profissionais de saude, que ainda, pareciam “incertos” do diagnostico,mas prescreveram donepezila.Como aprofundar esse diagnostico,sem ter que assumir gastos altos?onde buscar o diagnostico com mais segurança?minha mae fez tomografia sem contraste,ressonancia magnetica e exames de sangue e o mini exame mental folstein&mchugh,1975.agradeço

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