Infarto hemisférico: Consenso 2014

Por Maramélia Miranda

Pela primeira vez é publicado um consenso sobre infarto hemisférico (IH), reunindo recomendações focadas na área de terapia intensiva neurológica, desenvolvido pela Neurocritical Care Society e pela German Society of Neurointensive Care and Emergency Medicine.

TC-IH3

O documento, que usou o sistema de graduação de evidência denominado GRADE system, definiu infarto hemisférico, ou, transcrevendo literalmente o texto em inglês – “Large Hemispheric Infarct”, como um AVC isquêmico afetando o território total (ou subtotal) da artéria cerebral média, com envolvimento pelo menos parcial dos gânglios da base.

O sistema GRADE considera a qualidade dos níveis de evidência (alta, moderada, baixa ou muito baixa) e os graus de recomendação (forte – conduta ou terapia recomendada; ou fraca, terapia, procedimento ou recomendação sugerida pelos autores).

A seguir, transcrevo os principais pontos do documento, ainda não publicado, que foi apresentado em sessão especial no recente congresso da Neurocritical Care Society, em Seattle:

  • Entubação para IH em pacientes com deterioração neurológica e/ou insuficiência respiratória (strong)
  • Indicação de hemotransfusão com algo de Hb >7g/dL para a maioria dos casos de IH (strong).
  • Interpretar os sinais precoces de hipodensidade na TC e RM para predição de edema maligno após IH (strong)
  • Uso de TCCD, PE auditivo / tronco e EEG no auxílio de predição de edema maligno após IH (weak)
  • Uso da menor dose de sedativos necessária, pelo menor tempo possível, evitando apenas instabilidades fisiológicas durante o tempo da Neuro-UTI, e desconforto/dor (strong).
  • Uso de controle intermediário de hiperglicemia (alvo:  140-180mg/dL) (strong).
  • Manter PA média > 85mmHg, e reduzir PAS para <180mmHg apenas quando esta exceder >220mmHg (strong)
  • Usar osmoterapia com manitol ou solução salina hipertônica para o tratamento de edema cerebral, com a adequado monitoramento (strong)
  • Evitar uso de terapia com corticóides e barbiturados (strong)
  • Profilaxia para TVP/TEP com heparina de baixo peso em todos os casos de IH (strong).
  • Em pacientes com fonte cardioembólica de alto risco, recomeçar anticoagulação oral  (ACO) em 2-4 semanas do IH (weak)
  • Recomeçar ACO mais precocemente baseado na avaliação de casos com maior risco de embolia (valvulopatias, válvulas biológicas ou metálica, trombo no ECO TE) e risco de sangramento (weak)
  • Uso de aspirina no período pré-ACO é recomendado (weak)
  • Mobilização precoce nos casos hemodinamicamente estáveis (strong)
  • Extubação para pacientes com tentativas de sucesso de respiração espontânea, que tenham reflexo de tosse eficaz para eliminação das secreções pulmonares (strong)
  • Traqueostomia para pacientes que falharam na extubação, ou quando este procedimento não será possível / viável nos primeiros 7-14 dias (weak).
  • Colocação precoce de sonda enteral nos pacientes com disfagia (weak)
  • Discussão com familiares para colocação de gastrostomia em casos de IH com NIHSS altos e disfagia persistente entre as semanaas 1-3 da estadia na Neuro-UTI (weak).

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