Diretrizes Brasileiras para o manejo do AVC isquêmico agudo: atualização 2012

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Por Maramelia Miranda

A Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares publicou, no final do ano passado (2012), na revista Arquivos de Neuropsiquiatria, a atualização da diretriz brasileira de manejo do AVC isquêmico agudo. O documento, pela sua extensão, foi dividido em duas partes, sendo a primeira relacionada às questões mais gerais e de diagnóstico, e a segunda sobre o tratamento na fase aguda.

Para guardar e divulgar.

Links abaixo, acesso livre na revista.

Guidelines for acute stroke treatment – Part I

Guidelines for acute stroke treatment – Part II

Corticóides e antivirais em Paralisia de Bell: Evidence-based Update 2012

Por Maramélia Miranda

Ah…! Agora quero ver…! Será que vou continuar “pegando” os vários pacientes com prescrições de valaciclovir (como costumeiramente pego!) nas Paralisias de Bell??? Continuarão os defensores dos antivirais a prescrevê-los indiscriminadamente por aí…???

Um novo guideline publicado pela Academia Americana de Neurologia, em Novembro de 2012, atualiza especificadamente as condutas relacionadas ao uso clínico de corticosteróides (CE) e antivirais nestes casos… E o resumo das evidências é:

1) Sim aos corticóides

2) Não aos antivirais (salvo em alguns casos com contraindicação aos CE).

PARA LER MAIS

Gronseth GS and Paduga R. Evidence-based guideline update: Steroids and antivirals for Bell palsy. Report of the Guideline Development Subcommittee of the American Academy of Neurology

Guidelines sobre Status Epilepticus e US Transcraniano em Morte Encefálica

Por Maramelia Miranda e Daniela Laranja

Nos últimos meses, foram publicados duas novas e interessantes diretrizes na área de Neurointensivismo:

1 – Para nos guiar no manejo de Status Epilepticus, guideline elaborado e publicado pela Neurocritical Care Society;

2 – A diretriz brasileira sobre o uso de Ultrassom Transcraniano (Doppler Transcraniano e Color Doppler Transcraniano) na propedêutica do diagnóstico de Morte Encefálica.

Para acessar os respectivos documentos, clique abaixo nos links diretos.

LINKS

Brophy et al. Guidelines for the Evaluation and Management of Status Epilepticus. Neurocrit Care 2012.

Lange et al. Brazilian guidelines for the application of transcranial ultrasound as a diagnostic test for the confirmation of brain death. Arq Neuropsiquiatr 2012;70(5):373-80.

Novo guideline sobre Hemorragia Meníngea é publicado pela American Heart Association

Opa!!!

Estamos realmente entrando na ” temporada” de updates dos guidelines. Agora chegou a vez da diretriz da AHA/ASA sobre Hemorragia subaracnoidea (HSA) após ruptura de aneurismas cerebrais… Este documento foi publicado ontem, 3 de maio de 2012, na revista Stroke – artigo na íntegra – AQUI…

NOVAS RECOMENDAÇÕES. Dentre os tópicos que destaco, vejam abaixo:

  • Imagem vascular pós-operatória do aneurisma é recomendada – para verificar se houve a oclusão completa do aneurisma (Classe I)
  • Angio cerebral digital com software 3D – recomendada na investigação e planejamento terapêutico (Classe I)
  • Ácido tranexâmico ou aminocaproico (drip curto, timing < 72h pós ruptura, e antes da clipagem ou coiling) para redução de taxas de ressangramento (Classe IIa)
  • Discussão conjunta multidisciplinar entre neurocirurgiões e neurointenvencionistas para a abordagem melhor, levando em conta o paciente, o aneurisma e suas características (Classe I)
  • Para os casos passíveis de clipping (neurocirúrgicos) ou coiling (neuro-endovascular), considerar terapia endovascular (Classe I) — Ai ai ai… Agora o bicho vai pegar!
  • Cirurgia (clipping) deve ser considerada nos casos de hematomas grandes e nos aneurismas de cerebral média (Classe II)
  • Em mais idosos (> 70a), HSAs graves e aneurismas de topo de basilar, considerar primeiro coiling (Classe II)
  • Preferência por tratar os casos em centros com bom volume de casos por ano (>35 casos/ano)(Classe I)
  • Euvolemia é recomendada para prevenir DCI – delayed cerebral ischemia (DCI) (Classe I)
  • Atenção defensores dos 3-H: hipervolemia profilática não é recomendada antes do aparecimento de vasoespasmo angiográfico (Classe III)
  • Doppler transcraniano para monitorar o vasoespasmo é aceitável (Classe II)
  • Nos casos com DCI já instalada, hipertensão é recomendada (Classe I)
  • Uso de anticonvulsivantes profilático é aceitável (Classe II); mas seu uso a longo prazo deve ser evitado (Classe III)
  • Transfusão sanguínea em casos com anemia ou risco de isquemia é aceitável (Classe II)
  • Angioplastia e/ou com vasodilatadores é aceitável para os casos de vasoespasmo sintomático (Classe IIa)
  • Derivação ventricular externa deve ser feita em hidrocefalia sintomática (Classe I), e derivação ventricular definitiva deve ser feita em hidrocefalia sintomática crônica (Classe I)

HSA por ruptura de aneurismas cerebrais: update.

Practice Guidelines da American Academy of Neurology: Migrânea episódica em adultos

Por Maramelia Miranda

A Academia Americana de Neurologia publicou neste mês dois artigos de update sobre migrânea episódica no adulto, a respeito do tratamento preventivo e uso de anti-inflamatórios e outras terapias nesta situação. Os documentos foram publicados na Internet e na revista Neurology, na forma de Practice Guidelines.

É uma leitura obrigatória para os neuros, sobretudo os neurologistas clínicos que atuam em consultório e ambulatórios, considerando a alta prevalência da enxaqueca neste tipo de prática clínica.

LINKS

Update: Pharmacological Treatment of Episodic Migraine Prevention in Adults

Update: NSAIDs and Other Complementary Treatments for Episodic Migraine Prevention in Adults

Atualização sobre a prevenção primária do AVC é publicada na Stroke

Foi publicado no último dia 2 de dezembro, na revista Stroke, da American Heart Association e American Stroke Association, um guideline atualizado sobre a prevenção primária no AVC.

Uma dos principais destaques nesta edição do guideline de prevenção primária é a mudança do título do documento, que anteriormente referia-se à prevenção primária apenas do AVC isquêmico (AVCi), e agora inclui também recomendações para o screening de fatores de risco relacionados às hemorragias intracranianas / HSAs, pesquisa de aneurismas intracranianos não rotos em pacientes assintomáticos, em associação às estratégias de prevenção primária do AVCi. Sabe-se que muitos dos fatores de risco para AVC hemorrágico se superpõem aos fatores de risco para o AVCi. Por este motivo, o novo documento refere-se à “Prevenção Primária do AVC”.

Outro tópico importante que sofreu algumas mudanças de redação nas recomendações foi o manejo das estenoses carotídeas assintomáticas, baseadas sobretudo nos resultados do estudo CREST, sobre endarterectomia versus angioplastia / stenting carotídeo. Com base nos resultados do CREST, agora a recomendação é de maior discussão e individualização da conduta de revascularização carotídea nos pacientes assintomáticos, com tendência à escolha da endarterectomia, em serviços com morbimortalidade deste procedimento abaixo de 3%. Além disso, o guideline inclui os limites de estenoses assintomáticas a partir dos quais estão indicados os procedimentos, com base nos critérios utilizados no CREST.

O texto, assim como acontece com todos os guidelines da AHA e ASA, tem acesso livre na Internet, e para visualizar o guideline em sua versão pdf, acesse aqui.

Boa leitura a todos!

AHA e ASA publicam guideline atualizado de Prevenção Secundária do AVCi

Em 25 de outubro último, a Stroke publicou em sua homepage o consenso atualizado sobre a prevenção secundária de AVC ou AIT, publicação oficial da American Heart Association e American Stroke Association, endossada pela American Academy of Neurology e American Association of Neurological Surgeons.

Mais tarde, após rever o consenso, detalharemos as novidades desta nova atualização…

Para baixar a versão original do guideline 2010 de prevenção secundária de AVC da AHA/ASA, acesse aqui.

Novo consenso sobre Fibrilação Atrial – ECS 2010

 

A European Society of Cardiology (ESC) lançou este ano, pela primeira vez de forma independente, um consenso específico da comunidade cardiológica européia sobre o manejo da Fibrilação Atrial, no último congresso europeu da especialidade. Até então, os guidelines sobre este tema eram escritos em conjunto com a American Heart Association (AHA) e o American College of Cardiology (ACC).

Entre os highlights da nova recomendação européia, estão a introdução de um novo escore de sintomas para a FA; a adição de um sub-tipo novo de FA, denominado persistente “de longa duração”, associado aos outros tipos clássicos (FA paroxística, persistente e permanente); um novo algoritmo no manejo do controle da frequência cardíaca na FA; recomendações sobre o uso do novo antiarrítmico dronedarona (Multaq), ainda não disponível no Brasil; indicações formais de quando utilizar a terapia ablativa; e aconselhamento em situações especiais, como pacientes muito idosos, maior risco de sangramento e novos anticoagulantes.

Chama a atenção a referência de novos escores de risco para a avaliação de pacientes na prevenção de AVCi em FA não valvular: o atual consenso europeu sugere o uso de uma escala de risco mais detalhada, para a escolha da terapia antitrombótica nos casos de FA e risco de embolia cerebral /sistêmica, denominada CHA2DS2-VASc, que pode ser usada em adição à clássica CHADS2, nos casos de dúvida em relação ao manejo nestas situações.

Do ponto de vista prático, a ECS é mais agressiva na indicação de anticoagulação oral na prevenção primária dos casos de FA, e recomenda esta terapia em pacientes com escore maior ou igual a 1.

Outra novidade do consenso europeu em FA é uma escala de predição do risco de hemorragias (HAS-BLED), que avalia variáveis como hipertensão arterial, idade e presença de AVC prévio.

Por fim, o guideline traz informações atualizadas, sobretudo em relação aos novos anticoagulantes orais (dabigatran, rivaroxaban e apixaban), drogas não citadas no guideline anterior, de 2006, consenso conjunto da AHA, ACC e ECS.

Para ver o artigo original do consenso europeu de FA de 2010, acesse o site da ECS aqui.

Novo Guideline da American Heart Association sobre Hematomas Intracranianos

Por Flávio Carvalho *

A American Heart Association e American Stroke Association (AHA/ASA) publicaram em Julho de 2010, na Stroke, o mais novo consenso sobre o manejo do hematoma intracraniano (HIC) espontâneo. Entre outras novidades, a publicação detalha o tema com sessões específicas, como diagnóstico, hemostasia, manejo da pressão arterial e da pressão intracraniana, controle de febre e tratamento das crises convulsivas, além de comentar sobre o tratamento cirúrgico, técnicas de monitorização, estratégias para a recorrência dos eventos, cuidados de enfermagem, reabilitação, e até mesmo quando há indicação de retirada de cuidados.

Pela primeira vez, a AHA/ASA admite que a redução dos níveis de pressão arterial para o patamar de 140/90mmHg é considerada segura para ser utilizada em pacientes com HIC na fase aguda.

Um resumo das principais novidades nas recomendações da AHA/ASA sobre os hematomas intracranianos, em relação ao seu último consenso publicado, de 2007, são:

– Referência do uso de Angiotomografia (AngioTC) para avaliar o risco de expansão do hematoma (classe IIb, nível B), através da análise do “spot sign”, e da AngioTC ou AngioRM para avaliar outras causas (classe IIa, nível B);

– Recomendação de que o Fator VII ativado não deve ser utilizado indiscriminadamente (Classe III, nível C) para o tratamento de HIC por deficiência de fatores de coagulação ou HIC por uso de anticoagulantes orais;

– Baseado nos estudos Interact e Atach, relatam a redução da pressão arterial sistólica para 140mmHg como provavelmente segura para pacientes com PAS entre 150 e 220mmHg (Classe IIb, Nível B);

– Referências como a manutenção do paciente em estado normoglicêmico (Classe I, Nível C), e para não tratar portadores de HIC com anticonvulsivantes profilaticamente (classe III, nível B), nem mesmo aqueles com hematomas lobares, diferem do ultimo guideline;

– A administração de trombolítico intraventricular para hemorragias intraventriculares grandes é relatada como segura, mas de eficácia indefinida (Classe IIb, nível B);

– No tratamento cirúrgico dos hematomas de cerebelo, a DVE não é recomendada (Classe III, nível C);

– Pela primeira vez há menção de cirurgias minimamente invasivas, relatadas como “de caráter investigativo”;

– Recomendação de evitar o consumo excessivo de álcool, definido no guideline como o consumo de  mais de 2 drinks ao dia (Classe IIa,  nível B);

– Referência sobre o controlar a PA após a fase aguda, com alvos de < 140/90 ou 130/80 para diabéticos e renais crônicos;

– Relacionam a avaliação dos fatores de risco para HIC: hematoma lobar prévio, idade avançada, uso de anticoagulantes, gene da apoE E2 ou E4, microbleeds na RM (classe IIa, nível B).

Para ler mais, acesse o ARTIGO NA ÍNTEGRA, abaixo:

//stroke.ahajournals.org/cgi/reprint/STR.0b013e3181ec611b

* Dr. Flávio Carvalho é médico neurologista e neurossonologista no Setor de Neurologia Vascular da UNIFESP/EPM.

Novo Guideline da Academia Americana de Neurologia sobre Morte Encefálica

Foi publicado em 8 de junho último um novo guideline, pela AAN, sobre os critérios diagnósticos de morte encefálica, após quase 15 anos do último consenso sobre este interessante tema.

Tendo como principal autor Eelco Wijdicks, da Mayo Clinic de Rochester, entre as novidades da publicação, estão a necessidade de apenas um exame clínico para confirmação da ME, além dos alertas para a possibilidade da presença de movimentos motores complexos espontâneos, como o reflexo de Lazaro ou reflexos medulares diversos, e de possível entrada de ciclos respiratórios dos ventiladores, em pacientes com ME.

A AAN está planejando uma teleconferência para apresentação do novo consenso, com perguntas posteriores dos participantes.

Para ver mais, acesse: http://www.neurology.org/cgi/reprint/74/23/1911 e a página da AAN, www.neurology.org.