Stenting carotídeo, e logo após angioplastia com balão, aumenta o risco de AVC: Entenda!

Por Maramelia Miranda                                               English version

Mais uma análise do estudo CREST (Carotid Revascularization Endarterectomy vs Stenting Trial) foi apresentada no congresso SCAI – Society for Cardiovascular Angiography and Intervention (SCAI) 2013 Scientific Sessions, ocorrido este ano em Orlando, FL.

Dr Mahmoud Malas e colaboradores concluiram que, do ponto de vista técnico, alguns detalhes podem fazer a diferença nos desfechos dos pacientes tratados com angioplastia e stenting.

O Estudo

Segundo Malas, muitos neurointervencionistas costumam utilizar o artifício de angioplastia com balão logo após a liberação do stent, com base justamente em estudos anteriores que associaram esta técnica com menores taxas de reestenose. O racional do estudo apresentado no SCIA foi a hipótese de que provavelmente esta estratégia poderia, em tese, causar embolização distal no momento do balonamento.

Os autores, portanto, analisaram o uso desta técnica e os desfechos de reestenose e AVC periprocedimento, usando o banco de dados do estudo CREST. Compararam os dois grupos distintos (pacientes submetidos a angioplastia com balão apenas antes da colocação do stent vs pacientes que tiveram balonamento pós-stenting), analisando taxa de reestenose 2 anos após o procedimento.

Resultados

Um total de 69 pacientes tiveram ATC pré-stenting, 344 foram angioplastados apenas após a liberação do stent, e 687 foram angioplastados pré e pós colocação do stent carotídeo.

Houve 20 AVCs peri-procedimento – 19 no grupo que teve ATC pós-stenting, e apenas 1 caso no grupo com ATC apenas pré-stenting (5.5% vs 1.5%, respectivamente; p=0.26). A taxa de reestenose em 2 anos foi de 10.3% no grupo com ATC pré-stenting vs 3.7% no grupo submetido a ATC pós-stenting (p=0.02).

A conclusão principal da análise apresentada foi de que realizar angioplastia com balão após a liberação do stent carotídeo reduz significativamente o risco de desenvolvimento de reestenose, mas parece aumentar o risco de AVC periprocedimento em até 4 vezes  (HR 3.7; 95% IC 0.5-27.9).

Balonar pós-stenting carotídeo: Fazer ou não fazer?

LINKS

Malas M, Voeks J, Llinas R, et al. Angioplasty following carotid stent deployment reduces the risk of restenosis and may or may not increase the risk of procedure-related stroke. Society for Cardiovascular Angiography and Interventions 2013 Scientific Sessions; May 9, 2013; Orlando, FL.

Why Calls for More Routine Carotid Stenting Are Currently Inappropriate: An International, Multispecialty, Expert Review and Position Statement. Stroke 2013;44:1186-1190.

Fonte da imagem: www.vascularweb.org.


6 thoughts on “Stenting carotídeo, e logo após angioplastia com balão, aumenta o risco de AVC: Entenda!”

  1. HA 5 MESES TIVE UM AVC , E FOI IMPLANTADO UM STENTE CEREBRAL , SÓ QUE DEPOIS DE TANTO TEMPO CONTINUO COM MUITA DOR DE CABEÇA , E TAMBÉM MUITO CONFUSA ESQUEÇO E PERCO AS COISAS COM MUITA FREQUÊNCIA.
    GOSTARIA DE MUITA ORIENTAÇÃO , JÁ QUE TENHO 55 ANOS , E TAMBÉM SE TERIA A POSSIBILIDADE DE ME APOSENTAR .

  2. Meu marido fez angioplastia e após o procedimento veio com muita dor de cabeça a após 3hs da implantação do stend, teve convulsão. Em out/2012 teve um AVC .
    Obs: A dor de cabeça permanece pois o procedimento foi 12/06/2013.
    Está tomando anticonvulsivo e irá fazer eletroencefalograma com mapeamento cerebral.
    Suely

  3. Guilherme, Muito interessantes suas observações sobre o tema!!!! Realmente me chamou a atenção esta análise do CREST. Mesmo com as críticas a serem feitas sendo uma análise não planejada originalmente no trial (post-hoc), a reflexão que fica é de que o neurointervencionista – ao escolher a técnica do procedimento, está literalmente entre a cruz e a espada:
    – cruz = angioplastar após a liberação do stent, e arriscar um AVC periprocedimento?
    – espada = angioplastar após o stenting com a intenção de “atacar” as reestenoses…

    Convém também ressaltar que o estudo mostrou uma tendência (p=0,26) de aumento de AVC, mas uma diferença significativa (p=0,02) de índices de reestenose nos angioplastados pós-stent… Ou seja, evidência por evidência, a melhor é seria da redução das reestenoses…
    Abs Mara

  4. Cara Maramélia:
    Efetivamente, é sabido até por modelo experimental que a fase da dilatação do stent é aquela que libera mais embolos. Por isso diversos Serviços têm tentado evitar essa etapa da angioplastia. Tenho deixado de angioplastar com balão quando o stent abre bem a placa (portanto esta deve ser “mole)” mas é um critério grosseiro e na dúvida prefiro dilatar na medida em que a oclusão aguda do stent dá-se pela má abertura do mesmo e pode ser bem pior que a embolia durante a dilatação que em grande parte é resolvida pelo sistema de proteção. Soma-se a isso a reestenose que é muito rara se a angioplastia for feita corretamente. Tenho em progressão um estudo com ultrassom intravascular para determinar quando a placa é mole e/ou heterogênea, em suma as características da placa para elaborar um critério mais preciso para usar o balão pós-stent, ou não. Como comentário final as complicações de angioplastia de carótida são mutlifatoriais, insisto há anos que num procedimento
    de baixo número de complicações e de risco benefício limítrofe os detalhes é que fazem a diferença na medida em que não é um único passo que leva à complicação mas se pudermos excluir alguns certamente teremos um benefício. Num trabalho recente mostrei que a embolia acontece na via de acesso (20%), na dilatação do stent (60%) e 20% as demais fases da angioplastia. Não resisito a dizer que a frequencia de AVCs durante os trabalhos que representam os trails é muito elevado eu tenho um número muito inferior em mais de 1500 carótidas angioplastadas (1,8% de complicações neurológicas graves até 24 hs após o procedimento e 0,9% de complicações sistêmicas). Esse número baixa quando consideramos pacientes assintomáticos. abçs J Guilherme Caldas .

  5. Pessoal, prometo que vou olhar agora os comentários todos os dias!!!!!!
    Quem quiser comentar os posts, fique a vontade!!!! Abs, Mara

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

@ Copyright 2009-2020 .. iNeuro .. Neurologia Inteligente