Retrospectiva 2013: Novidades da Neurologia no ano que passou…

Nós adoramos uma retrospectiva. Temos memória meio curta, a idade também não ajuda, e por isso as listas de final de ano bobam na Internet. Vamos ver então o que teve de bom este ano na Neurologia…

Janeiro 13

Hillary Clinton leva um tombo, sofre um TCE, depois isso vira um hematoma subdural crônico e por fim uma suspeita de trombose venosa cerebral… Ufa! Quantas doenças neurológicas para uma ex-first lady!

Depois disso, postamos a publicação da Neurology sobre as ambulâncias futurísticas da Alemanha com TC portátil – as STEMOS… O futuro já está aqui, nas nossas barbas… Daqui a pouquinho estas raras jóias chegarão aqui no Brasil…

Fevereiro 13

Os resultados do MISTIE II, mostrando os benefícios da cirurgia minimamente invasiva nos hematomas intracranianos, são apresentados no Havaí, no ISC 2013. Os neurocirurgiões, coitadinhos, respiram aliviados… Escaparam da uruca dos cirurgiões cardíacos, que querem ver  alguma outra especialidade cirúrgica junto à deles…!!!!

O estudo CHANCE é outro, apresentado no ISC 2013, que foi bastante comentado, e traz de volta a dupla antiagregação como opção para tratar casos de AVCi agudo não trombolizados. Apesar do balde de água fria jogado pelos puristas de plantão, alegando ser um estudo chinês, população diferente, não-ocidental, blablabla… Muita gente está levando os resultados da publicação e fazendo seu dever de casa com ele!!! Fizemos um post especial do artigo publicado na NEJM, em Julho de 2013.

O EARLYSTIM – estudo com implante de DBS em pacientes com Parkinson idiopático, mostra que o DBS feito mais precocemente parece ter melhores resultados.

Março 13

O Laboratório Fleury, na cidade de São Paulo, iniciou o serviço de US transcraniano para avaliação da substância negra. Esta que vos escreve é a responsável pelo setor, e aqui vem agradecer a todos os colegas que referenciaram os seus casos ao longo deste ano, ao laboratório e aos seus gestores, que apostaram, investiram e agora compartilham os frutos deste trabalho! E pra não deixar a peteca cair, não canso de falar que é um exame MUITO interessante para avaliar alguns casos, batendo a ressonância quando o assunto é VER A SUBSTÂNCIA NIGRA… CONFIRAM O QUE DIGO AQUI.

No congresso da academia americana de neuro (este ano em San Diego), apresentaram o NASA Registry – estudo com a série de casos de rTPA + SOLITAIRE americana, salvando temporariamente a turma dos neurointervencionistas – quando o assunto é tratamento de AVCi agudo, do buraco cavado pelo IMS III…

Numa das nossas sugestões de leituras da semana, postamos o link para o guidelines da AHA no manejo do AVCi agudo – atualizados e publicados na Stroke do começo do ano.

Abril 13

Sugestão do colega Marcos Lange: US é mais sensível do que ressonância em doenças do nervo periférico… Não sou eu quem fala, uma defensora ferrenha de ultrassonografia… Quem falou foi a Neurology…

Em março, a agência americana US Food and Drug Administration (FDA) aprovou a terceira droga oral para o tratamento da esclerose múltipla, o dimetil fumarato (Tecfidera), mais uma opção aos anteriormente aprovados fingolimod (Gilenya) e teriflunomide (Aubagio). Por enquanto, no Brasil, isso ainda é sonho… Por aqui apenas o Gilenya é permitido, e mesmo assin recebeu 2 “nãos” do Ministério da Saúde para entrar no rol de cobertura do SUS.

Maio 13

Resultados do Interact 2 – baixar a pressão mais agressivamente no AVCH agudo é benéfico. Resultados apresentados no congresso europeu de AVC e publicados online pela NEJM.

Ainda de Londres: os alemães conseguem trombolisar 33% dos AVCIs em Berlim no estudo PHANTOM-S, usando as ambulâncias STEMO com tomógrafos portáteis.

Junho 13

SPS3 mostra que manter a PAS menor do que 130mmHg é melhor para prevenir eventos em AVCi lacunar

Julho 13

Publicada – atualizada a classificação internacional de cefaleias. Agora temos a 3a. edição da ICH…

Lançado o programa eleitoreiro-populista-tapa-buracos do PT, o Mais Médicos (Dilma e Alexandre Padilha) – muita discussão entre governo e entidades médicas. Ideia perfeita: conseguir médicos a preço de banana, mandá-los para o cafundó do Judas, eles aceitarem, dar um pouco de melhor cuidado de saúde aos pobres (pelo menos em se tratando de medicina de família – ambulatorial básica), e ainda levar a reeleição em 2014… Fiquei muito p… nesta época de discussões inflamadas.

Agosto 13

Publicamos novidades sobre o evento AAIC – Alzheimer’s Association International Conference 2013, realizada este ano em Boston. Fiquei devendo a atualização em terapias, mas fizemos um post sobre os trabalhos apresentados a respeito de epidemiologia e fatores de risco em DA.

Setembro 13

Após duas diretrizes recomendarem ações opostas sobre o uso de anticonvulsivantes em pacientes com hemorragia subaracnoidea (AHA x Neurocritical Care Society), a ESO publicou seu guideline desempatando essa história.  A escolha é de vocês: Dar ou não anticonvulsivantes profilaticamente?

As coisinhas que não devemos fazer – a listinha do Choosing Wisely em Neurologia – é publicada oficialmente na revista Neurology. Revisem AQUI!

 

Outubro 13

Direto de Estocolmo, o ECTRIMS trouxe algumas interessantes notícias boas aos neuroimunologistas e colegas neuros que fazemos retaguarda em hospitais, atendendo os casos de EM. Uma boa notícia foi o trabalho americano que mostrou evidência de relação entre os níveis de vitamina D e atividade / progressão da doença.

Novembro 13

Em Fortaleza ocorreu o AVC 2013, congresso bianual da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares. Boas discussões, convidados internacionais de alto nível e organização impecável creditada aos membros da SBDCV e aos colegas de Fortaleza.

Ainda neste mês, o FDA aprovou a droga Eslicarbazepina, como terapia adjuvante para epilepsia parcial em adultos. Uma das grandes vantagens da droga é seu perfil de tolerabilidade melhor do que suas priminhas, e a possibilidade de dose única diária.

Dezembro 13

A nova diretriz da AHA sobre o diagnóstico, acompanhamento e tratamento de hipercolesterolemia, publicada em novembro, simplesmente chegou à conclusão – após anos e anos falando o contrário – de que não há evidências de qualidade para suportar que o tratamento do colesterol seja feito com alvos fixos de tratamento… Ao invés disso, agora o guideline categoriza 4 grupos de pacientes e individualiza em cada um deles reduções em percentuais diferentes conforme as comorbidades e intenção de tratamento (prevenção primária ou secundária).


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