NOACs em prevenção de AVC por FA: Consulta Pública do SUS

Anos e anos depois… Pra variar… O SUS resolve se “movimentar”… DE FORMA ERRADA…. VEJAM O RELATÓRIO DA CONITEC, E SUA RECOMENDAÇÃO, ABAIXO…

Atenção neuros, clínicos, cardios, geriatras de todo o país!!!!!!

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Ontem foi aberta a consulta pública acima, pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC.

A Consulta Pública no. 29 irá avaliar a incorporação dos medicamentos apixabana, rivaroxabana e dabigatrana na rede pública, na prevenção de AVC isquêmico em pacientes com Fibrilação Atrial não valvar.

É muito importante que todos possam contribuir mandando as evidências científicas sobre o tema e também suas experiências pessoais. Só assim conseguiremos que o SUS finalmente resolva dispensar estes medicamentos, hoje usados quase apenas na prática privada, ou aos poucos pacientes dos serviços públicos, apenas os raros pacientes que tem condições de comprá-los…

Em tempo – 15h30… Após ler o Relatório Inicial…

Vejam só, caros amigos, o que o “BRILHANTE” relatório inicial da CONITEC conclui e recomenda:::

“A evidência atualmente disponível sobre eficácia e segurança dos novos anticoagulantes orais (apixabana, dabigatrana e rivaroxabana) para prevenção de AVC isquêmico é baseada em ensaios clínicos fase III de não inferioridade.

Não foram localizadas até o momento evidências estatisticamente significativas para apixabana e rivaroxabana em relação ao desfecho prevenção de AVC isquêmico. Os estudos disponíveis comparando os novos anticoagulantes orais com a varfarina são de não inferioridade. Já a varfarina, a partir de uma meta-análise de 6 estudos, com uma estimativa homogênea e uma RRR (Redução Relativa de Risco) de 60%, apresenta forte evidência de benefício.

A única vantagem oferecida pelos novos anticoagulantes inclui a conveniência de não necessitar de testagem rotineira do coagulação (INR) e a ausência de interações com alimentos. Dentre as desvantagens destacamos a impossibilidade de uso em pacientes com insuficiência renal grave, o uso em duas doses diárias, a impossibilidade de controlar seu efeito por testes laboratoriais, e a ausência de antídoto. Em relação ao Dabigatrana os efeitos gastrointestinais impossibilitam o em uso em uma parcela dos pacientes.

Os membros da CONITEC presentes na 38ª reunião do plenário do dia 05 e 06/08/2015 apreciaram a proposta de incorporação de anticoagulação em pacientes com fibrilação atrial não valvar. Trata-se da avaliação dos estudos existentes sobre os novos medicamentos anticoagulantes na prevenção de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico em pacientes com fibrilação atrial crônica não valvar. As evidências científicas disponíveis na literatura sobre a eficácia e segurança dos novos medicamentos (apixabana, dabigatrana e rivaroxabana) se resumem a 3 ensaios clínicos randomizados duplo cego de não inferioridade comparada à varfarina, sendo um ECR para cada um dos novos medicamentos. Todos são estudos pivotais (que embasaram os registros de comercialização desses produtos), pois comprovaram que os novos medicamentos são não inferiores à varfarina. Considerou-se que não é viável assumir eficácia superior a partir de um estudo de não inferioridade.

Os membros da CONITEC presentes deliberaram por unanimidade recomendar a não incorporação da apixabana, rivoraxabana e dabigatrana para prevenção de Acidente Vascular Cerebral em pacientes com Fibrilação Atrial cronica não valvar no SUS. A matéria será disponibilizada em Consulta Pública.

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Pára tudo!!!!!!!!!

E cadê os dados de segurança, de sangramento? E cadê as taxas de sangramentos com varfarina em pacientes mais idosos? E cadê as taxas de pacientes com faixa adequada de anticoagulação com varfarina? Que não passa de 40% em população real? E que nos estudos, controlados, bonitinhos, beirou 50-55%???

Quer dizer que as drogas são colocadas em recomendações americana, européia, ACC, AHA, ECS, em pé de igualdade com a varfarina, com várias vantagens em relação a esta…???? Quer dizer que o mundo todo está trocando varfarina por NOACs em algumas indicações bem claras, porque estas drogas são melhores, quer dizer que cada vez mais estão saindo artigos comprovando efetividade dos NOACs para outras doenças, cada vez mais e mais doenças, sendo seguros, e o governo do Brasil acha isso aí em cima?

Naaaoooooooooo!!!!!!!!!!!!!

Captura de Tela 2014-06-21 às 00.16.21

  confused baby

Sem palavras.


6 thoughts on “NOACs em prevenção de AVC por FA: Consulta Pública do SUS”

  1. Você expôs no comentário dois pontos importantes, que não deixam de convergir.
    Todos os grandes conselhos de saude do pais expulsaram a maioria dos medicos dos seus quadros. No ultimo ano as sociedades medicas se retiraram desses conselhos em.combate a presidente e seu capenga governo. Mordemos direitinho a isca. Os poucos que restaram são apadrinhados ou tem o rabo muito preso. Representatividade científica e técnica? Fuja daqui.
    No campo da política, as coisas nao vao muito melhor que isso. O willingness-to- pay dos nossos politicos é nulo. Afinal, sao so tres anos e depois disso a reeleiçao. Some-se a isso o fato de AVC nao ser uma doença de comoçao do povo, e se entende a capenguice das politicas na area. Sim, nos temos tpa mas nao temos muito alem disso. Alias, ficou só nisso, as outras mudanças nao vieram, viva o Acrylise nao é mesmo?
    O fato de termos raltegravir – mas nao dabigatrana – é merito sim da comunidade LGBT que ha decadas planta fortes raizes nos ministerios e tem grande representatividade. E sabe jogar com o publico e com o governo. O Brasil é um cobiçado destino de turismo gay do mundo, nao academico ou cientifico.
    Ainda, nos medicos temos culpa sim. Perdemos o protagonismo da situaçao e só defendemos aquilo que nos amendontra ser “lesados”. O congresso de AVC recente foi um grande exemplo disso. Saí de lá com vergonha da neurologia brasileira. Sem comentarios. Ohhhhh
    E o povo… bom, todo poder emana do povo. Ele colhe o que planta. E nem a santa aspirina toma direito…
    Soluções? Várias. Mas fica pra outra hora

  2. Atila, concordo e discordo de vc. Concordo que o pais está quebrado. Discordo para te falar que eu trabalho no mundo real do SUS, dos pobres. Vejo toda semana, junto com colegas médicos no hospital universitário, mais de 20 pacientes do SUS, pobres, dentre eles aqueles que tiveram AVC tomando Marevan com INR de 1,0-1,5, porque sabemos que a proporção de tempo que que estes tomadores de antagonistas de vit K ficam REALMENTE ANTICOAGULADOS, NÃO É DE 60-70%, IDEAL DOS ESTUDOS, é baixa….

    Vários deles que sangraram usando Marevan, e que teriam sim, beneficio com uso de NOACs, Alguns podem usar NOAC, porque os filhos fazem uma vaquinha para comprar o remedio do pai ou da mãe, que custa 180 reais por mês. Outros não podem. A maioria.

    O SUS tem grana pra pagar remedios para Alzheimer que male male funcionam… Tem grana pra pagar interferons para hepatite C. Pagam remedios de SIDA. Pagam idas de crianças e familias a Miami para fazer tratamentos unicos mirabolantes. Um dos ultimos foi e gastou em Miami no Jackson Memorial mais de 4 milhoes de dolares.

    Mas a doença que mais mata no país, AVC, ficam contando migalhas. Isso nos revolta, me revolta.

    Quer justificar a questão financeira e que no contexto de saúde pública é inviável incorporar?!?!?!

    Se for isso, e me parece que pode ser, seria muito mais sério, elegante e correto para esta CONITEC, que eles escrevessem no seu relatório que as drogas tem perfil de segurança melhor, comodidade de tomadas e interações melhores, duas delas são ligeiramente superiores em relação à eficácia, mas que nas atuais condições de restrições orçamentárias e crise financeira brasileiras, é impossível entrar com esta dispensação pelo SUS. Outra coisa, poderiam, por exemplo, pelo menos mostrar os estudos de custo efitividade e seus resultados.

    Agora, escrever bobajada, que as unicas vantagens dos NOACs são as interações e monitoração não necessária, é nos chamar de burros, não acha?

  3. Respeito a opinião acima exposta,e não sou contra os novos anticoagulantes.
    Entretanto, acredito estar faltando um pouco de conexão com a realidade. Vocês não trabalham naquilo que a grosso modo representa a saúde publica do país. O Brasil nunca quis investir em saude e agora estamos quebrados.

    A exemplificar o mundo real, fora da academia e dos financiados congressos anglo-saxões:

    //coturnonoturno.blogspot.com.br/2015/10/dilma-corta-farmacia-popular-e-deixa-11.html?m=1

    Os nossos desafios reais vem muito antes disso.
    Sejam ao minimo coerentes.

    Atila Rodrigues

  4. felipe, esse é o ponto. quer justificar que a medicação é cara? que o custo-efetividade não se justifica? entao escreva isso no relatorio. não que a droga é a mesma coisa que a varfarina, porque não é….

    a unica coisa a fazer é encher a caixa de emails e entradas da consulta deles com artigos e mais artigos… pra ver se esse povo lê alguma coisa…

  5. Abismada com esse relatório! Quando fui lendo aqui no blog sobre a pesquisa pública sobre NOACS, até fiquei orgulhosa e com a chama da esperança de alguma boa notícia em tempos de tantos desastres. Mas depois desse update, a desesperança no país volta a reinar. Muito triste.

  6. Em tempos de crise, o governo usa qualquer justificativa para ofertar o mais barato, professora

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