Doença coronariana em pacientes com AVCI ou AIT do estudo SPARCL

* Por Daniela Laranja

Amarenco e colaboradores publicaram uma análise post-hoc do estudo SPARCL, em março de 2010, demonstrando benefícios adicionais com o uso de atorvastatina após AVCI ou AIT, em relação ao risco de desenvolvimento de eventos coronarianos.
O SPARCL foi importante em comprovar o benefício do uso de 80 mg de atorvastatina diariamente na prevencão secundária, tanto de eventos cardio como cerebrovasculares, em 4731 pacientes com AVCI ou AIT, mas sem história conhecida de doença arterial coronariana (DAC).

A frequência de eventos coronarianos maiores (morte de etiologia cardíaca, infarto do miocárdio não-fatal, ou procedimento de revascularização cardíaca), ou qualquer evidência clínica de DAC, desfechos secundários avaliados no referido estudo clínico, foi significativamente menor nos pacientes que utilizaram atorvastatina, comparados ao grupo placebo. A frequência de eventos  coronarianos maiores foi de 3,4%  versus 5.1%, e a de evidência clínica de DAC foi de 5,2% versus 8.6%, nos grupos de tratamento versus controles (respectivamente). Durante o decorrer do SPARCL, o risco de AVCI reduziu ao longo do tempo de follow-up de 4.9 anos, enquanto o risco de eventos coronarianos permaneceu estável. Adicionalmente, não houve diferenças entre a ocorrências de DAC clínica ou de eventos coronarianos maiores, nos subgrupos de AVCI por aterosclerose de grandes artérias, AIT, AVCH, doença lacunar ou AVCI indeterminado, indicando que o impacto / risco da doença cardíaca coronariana é semelhante nos pacientes com AVCI ou AIT de origem não carotídea, comparados com os portadores de doença carotídea.

Apesar de ser uma análise post-hoc, com amostra de pacientes insuficientes, e sem poder estatístico para a demonstração do risco de eventos coronarianos maiores nos diferentes subtipos de AVC, e tendo sido esta subclassificação dos AVCs não estandartizada / adjudicada pelo comitê central do SPARCL, a publicação conclui que a doença cardíaca coronária é substancialmente reduzida em pacientes com AVCI ou AIT que usaram atorvastatina 80mg ao dia, independente do subtipo de AVC.

Artigo na íntegra:

//stroke.ahajournals.org/cgi/reprint/41/3/426

* Daniela Laranja é neurologista vascular e neurossonologista, na Neurologia Vascular da UNIFESP/EPM.


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