Choosing Wisely: Seja inteligente nas suas condutas…

Por Maramelia Miranda

Lembram que em Fevereiro deste ano publiquei AQUI a listinha das coisas que não deveríamos fazer na nossa prática clínica?!!! O artigo havia sido publicado ASAP na Neurology.org.

Não sei porque só agora (?!) o bendito artigo saiu na edição oficial da revista (#vai entender?!)… Reviso, portanto, e não me canso de falar, a lista de recomendações oficiais da Academia Americana de Neurologia (AAN), válida para neurologistas, neurocirurgiões e também para os emergencistas (clínicos dos pronto-socorros do Brasil), sobre o que não devemos fazer – coisas burras mesmo! – no atendimento e nas nossas condutas em pacientes neurológicos.

A seguir, as 11 recomendações finalistas votadas pelo conselho da AAN, e as ganhadoras (TOP 5) em negrito:

  1. Não fazer imagem das carótidas em casos de síncopes;
  2. Não fazer EEGs para cefaleias;
  3. Não fazer injeções de esteróides epidurais para tratar dores lombares não-radiculares;
  4. Não fazer neuroimagem do crânio para pacientes com episódios recorrentes de cefaleias sabidamente primárias (tensional / enxaquecas / cefaleia crônica diária), quando estes chegam novamente ao pronto-socorro;
  5. Não fazer neuroimagem do crânio para pacientes com diagnóstico de cefaleias primárias;
  6. Não prescrever interferons ou glatiramer para pacientes com formas progressivas de esclerose múltipla, sobretudo para aqueles sem histórico de surtos (piora súbita) nos últimos 3 anos;
  7. Não usar opióides ou butalbital para casos de enxaquecas, a não ser em casos muito específicos, em circunstâncias extremamente raras;
  8. Não indicar cirurgias de artrodese de coluna lombar para dores lombares;
  9. Não indicar endarterectomia carotídea para casos de estenose carotídea assintomáticos, exceto se a taxa de complicação cirúrgica do seu serviço for menor do que 3%;
  10. Não fazer neuroimagem do crânio para pacientes com quadro pós-ictal de uma crise convulsiva no pronto-socorro, e histórico sabidamente conhecido de epilepsia prévia, exceto se este paciente não retornar ao seu basal prévio antes da crise atual;
  11. Não fazer ENMG para casos de dores lombares sem sinais ou sintomas de radiculopatia.

Chosing Wisely

Choosing Wisely é uma campanha conjunta do Board Americano de Medicina Interna (ABIM – American Board of Internal Medicine) e diversas especialidades médicas, entre elas a AAN – American Academy of Neurology. A campanha já tem várias top lists em diversas especialidades.

A importância desta iniciativa é sensibilizar a classe médica, sobretudo em relação às indicações e realização de muitos procedimentos médicos e exames complementares que são totalmente desnecessários, e que, a médio e longo prazo, tornarão os custos da saúde no mundo uma condição absolutamente impraticável… Lembrando que isso já acontece em alguns países, como, por exemplo, nos EUA!!!!

Vamos seguir uma das missões do nosso modesto blog: praticar Neurologia, mas NEUROLOGIA INTELIGENTE!!! Divulguem para os seus colegas e amigos clínicos e emergencistas!!!!

E preservar o bom senso, para que nossos filhos possam, no futuro, pagar seus próprios planos de saúde sem depender de planos corporate…!!!!

 LINKS

Langer-Gould et al. The American Academy of Neurology’s Top Five Choosing Wisely recommendations. Neurology 2013.

CHOOSING WISELY INITIATIVE


2 thoughts on “Choosing Wisely: Seja inteligente nas suas condutas…”

  1. Marcelo, não se trata de subdiagnóstico. A questão é de se pedir um exame absolutamente inútil para uma determinada doença: exemplo – o que espera encontrar pedindo um EEG para uma cefaleia? quantos casos de síncope ou lipotímia são devido a estenose carotídea? Estenose carotídea não dá síncope, dá sintomas focais de AVCi ou AIT do território carotídeo. Pra que dar imunomoduladores para EM progressivas, se os trabalhos mostram que este tipo de EM não responde? Ou seja, tais recomendações são para não se fazer o fútil.

  2. Não entendi esse tipo de recomendação. Qual a evidência de que isso vai levar a uma economia financeira e não a um aumento do risco de subdiagnóstico e eventual não tratamento dos pacientes. As instituições envolvidas vão se responsabilizar por isso ?

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